Pela sexta vez consecutiva, a candidata do Solidariedade ao governo do estado, Marília Arraes, recusou-se a participar de um debate público com os demais postulantes desta eleição. Marília havia confirmado a participação, mas minutos antes do debate da TV Globo/Nordeste se iniciar na noite desta terça-feira (27) ela surpreendeu com a recusa, valendo-se do fato de estar na frente em pesquisas de opinião e ignorando o diálogo democrático e aberto que um debate representa. Em nenhuma outra oportunidade nesta campanha de primeiro turno, nem na pré-campanha, Marília se colocou frente a frente aos concorrentes, ou respondeu a questionamentos deles. Evitou de todas as maneiras lidar com o contraditório.
“Você contrataria um empregado sem fazer entrevista com ele?”, perguntou o candidato Danilo Cabral (Frente Popular) no primeiro bloco do debate de ontem, fazendo uma analogia com o processo de seleção para um emprego, onde é preciso os contratantes conhecerem o candidato à vaga. Assim como Danilo Cabral, os candidatos Raquel Lyra (PSDB), João Arnaldo (Psol) e Miguel Coelho (União Brasil) criticaram a omissão e a falta de Marília. Seguindo a regra acordada com a TV Globo, eles fizeram perguntas à ela e ficaram sem resposta. A emissora estampou a cadeira vazia que seria de Marília e o respectivo nome da candidata.
Antes de faltar ao debate da TV Globo, Marília Arraes cancelou participação no debate da Rádio Cidade, em Caruaru, que aconteceria no dia 12 de agosto; se ausentou dos debates na Rádio Liberdade, em Caruaru, no dia 26 de agosto; da TV Nova/Rádio Caruaru, no dia 1º de setembro; da TV Jornal Caruaru, no dia 9 de setembro; da Rádio Jornal Recife, no dia 13 de setembro; e, por último, da TV Guararapes nesta segunda-feira (26).
Para Danilo Cabral, a ausência de Marília reflete um desrespeito ao eleitor. Mais: “Sempre fico na dúvida se é medo ou despreparo”, pontuou o socialista, frisando que a prática de faltar encampada por Marília não se limita ao debate e ao diálogo democrático. Danilo lembrou que, como deputada federal, Marília usava dessa estratégia com frequência. Ela faltou a diversas votações importantes na Câmara Federal, como aquela que decidiu sobre porte de armas, sobre o refinanciamento de dívidas de estudantes e sobre o fura-filas na vacina da Covid-19. Na opinião de João Arnaldo, a ausência é o reflexo da falta do que apresentar.
Marília admitiu que a recusa ao comparecimento é uma “estratégia política”, conforme mostra nota postada pela coligação Pernambuco na Veia. Omitiu que nenhuma das sabatinas onde esteve contou com a presença de outros candidatos. Marília só se refere a entrevistas unipessoais, em que só ela respondia, sem precisar lidar com o contraponto dos questionamentos dos concorrentes.
O candidato Anderson Ferreira (PL) também se ausentou do debate da TV Globo na noite desta terça-feira. Da mesma forma que Marília, recentemente Anderson tem adotado essa prática de faltar ao debate, um instrumento democrático e tradicional de todas as eleições no mundo. Do mesmo modo, a ausência dele foi questionada.
Foto: Diego Nigro
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