Produtores de uma área de Pernambuco devastada pela seca começaram a
enfrentar mais um problema. Em poucos meses, o alimento para o pouco
gado que resta ficou pelo menos duas vezes mais caro.
Nas estradas da bacia leiteira, no Agreste de Pernambuco, caminhões
passam lotados de cana-de-açúcar. Sem pasto e sem nada para colher nas
plantações, o alimento para o rebanho chega de longe, a mais de 200
quilômetros de distância. Matar a fome do rebanho está cada vez mais
difícil. "Já está chegando no limite. Não está dando mais para comprar
cana", lamenta o pecuarista Luiz Antônio Costa.
Neste período de extrema escassez por causa da seca, a cana movimenta
um comércio lucrativo, na entrada do município de Venturosa. Desespero
para os pequenos pecuaristas e lucro para os atravessadores. Quanto
maior é a necessidade, mais caro é o preço do alimento para o gado. Um
caminhão carregado de cana, que há três meses custava de R$ 800 a R$
900, hoje é vendido por até R$ 1,5 mil.
A exploração ainda é maior com o bagaço da cana: R$ 2,2 mil o
carregamento. E não adianta tentar um desconto. "Por R$ 2 mil não
aceitaram. E antes, com R$ 900 a gente comprava. Cada vez estamos nos
endividando mais", afirma o pecuarista Adelson Bezerra de Araújo.
Os atravessadores mais que dobraram os preços e tentam justificar a
carestia. "Não é o dobro. É por causa da viagem, tem petróleo, pneu, tem
tudo", explica o comerciante de bagaço e cana Luís Sampaio da Silva.
Venturosa é o município que mais produz queijo na bacia leiteira de
Pernambuco. São 12 laticínios registrados e pelo menos 50 em pequenos
sítios. A produção despencou e o problema começa na entrega da matéria
prima: o leite está cada vez mais escasso.
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