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Grito dos Excluídos reúne milhares de pessoas no centro do Recife

O 18° Grito dos Excluídos reuniu milhares de pessoas no centro do Recife, nesta sexta-feira (7), feriado do Dia da Independência. Representantes de movimentos sociais tiveram a chance de expor as suas lutas, assim como pessoas comuns aproveitaram a caminhada para propagar suas ideias.A concentração ocorreu na Praça Osvaldo Cruz, na Boa Vista. Por volta das 10h, a caminhada seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista em direção à Praça do Carmo, no Bairro de São José. No trio elétrico, uma presença marcante: o padre italiano Vito Miracapillo, que reconquistou o direito de morar no Brasil após ser expulso durante o Regime Militar.O religioso se negou a celebrar uma missa em homenagem à Independência do Brasil, em 1980. Trinta e dois anos depois, volta a participar do evento, em Pernambuco. "Era uma missa de enfeite, por isso recusei e fui perseguido", explicou. "Nenhuma existência é inútil. Todos nós podemos contribuir para o bem comum e um futuro melhor para o País", disse em seu discurso.

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, passou uma mensagem alinhada com os problemas atuais. Falou da necessidade de saúde, alimentação e moradia dignas, de uma política de transporte mais eficaz em contraponto aos congestionamentos e de um sistema carcerário mais justo, se referindo à morte de um jovem na rebelião que ocorreu na Funase de Abreu e Lima, Grande Recife, no dia 1° de setembro. As eleições municipais também não ficaram de fora. "Peço que os políticos pensem menos neles e mais no povo. Por isso, vote com responsabilidade."

Este ano, o Grito dos Excluídos trouxe o tema "A vida em primeiro lugar. Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população". "Duas bandeiras são fundamentais nesta luta: a não privatização estadual da saúde, pois serviços essenciais aos cidadãos não podem ser barganhados, e descriminalização dos movimentos sociais, já que temos observado que os governos têm usado vários aparelhos sociais para conter greves e manifestações dos trabalhadores", explicou Valmir Assim, coordenador do Fórum Dom Helder Câmara, que articulou o evento.A congregação católica das Irmãs Paulinas foram ao Grito pedir mais respeito à vida das mulheres."Nós somos mulheres conscientes, que querem viver uma vida digna", disse a irmã Cícera Gomes. Mais de 60 representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também estiveram na caminhada. "Nossa luta é pela distribuição de terra, renda e pelo fim da violência contra a mulher, além de um debate sobre o aborto", disse a integrante Edvânia da Silva.Alunos da Associação dos Trapeiros de Emaús Recife, uma instituição sem fins lucrativos que oferece oficinas de formação cidadã, levaram um cartaz que pedia o fim da corrupção. "É preciso resolver esses abusos e regalias, principalmente na classe parlamentar, para acabar com a corrupção", falou o diretor secretário do grupo, Leandro Patrício. A Associação atende jovens de baixa renda entre 16 e 24 anos.O Levante Popular da Juventude, representado por bandeiras vermelhas na caminhada, queria o fim do racismo, machismo e homofobia. Um grupo de aposentados exigia mais respeito e políticas públicas aos idosos. Nicolas Júnior, do movimento gay Leões do Norte, estava mais uma vez participando do Grito. "Estamos aqui lutando pela igualdade e pela criminalização da homofobia", comentou. Também tinha mulheres levantando a bandeira do feminismo.

Carros de mão lotados de "impostos" chamaram a atenção. "Eles representam a carga tributária que a população carrega nas costas. Queremos que seja uma taxa mais justa e que os recursos arrecadados sejam mais bem aplicados, revertidos para o povo em educação, saúde, transporte", explicou Messias Santos, presidente do Conselho dos Jovens Empresários da Associação Comercial de Pernambuco (Cojac-ACP).

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