Uma vez a cada cinco dias, em média, o roteiro se repete. Bandidos invadem uma agência bancária, explodem caixas eletrônicos e fogem no meio da noite. De 1º de janeiro a 22 de julho, Pernambuco registrou 31 crimes deste tipo. Por trás desta epidemia estão grupos baseados no interior de estados vizinhos. Eles atuam em parceria com informantes locais que orientam sobre os lugares e horários mais propícios para a investida.
Ontem, essa articulação criminosa deu errado. Quatro suspeitos foram mortos em tiroteio com a polícia, em Saloá, a 267 km do Recife, no Agreste, após detonar caixas do Banco do Brasil. Os investigadores procuram o restante do bando, formado por até 15 bandidos, e tentam descobrir quem trabalhava para eles no estado.
A investida foi uma das três contra agências do BB ocorridas ontem no estado. Em Venturosa, Agreste, 15 bandidos explodiram caixas e fugiram com dinheiro. O grupo fez cinco moradores do entorno de reféns, espalhou grampos pela BR-423 e posicionou dois caminhões na pista para dificultar a perseguição policial . No Recife, o BB da Conselheiro Aguiar, Boa Viagem, no Recife, foi assaltado de manhã.
De acordo com o major Hudson Moura, a ação em Saloá aconteceu às 2h. Dois assaltantes ficaram na frente do destacamento da PM para monitorar a polícia. Mas havia uma viatura circulando, que acionou reforço do Gati e da Rocam. “Eles explodiram os caixas, mas não levaram dinheiro. Tentaram fugir e aconteceu a troca de tiros.” Os suspeitos foram levados ao Hospital Dom Moura, em Garanhuns, mas não resistiram. Foram apreendidos dois carros com as placas adulteradas, duas espingardas calibres 12, uma carabina e munição.
Na semana passada, a polícia prendeu cinco suspeitos de praticar explosões a caixas no interior e recuperou R$ 160 mil. Uma reunião será realizada amanhã à tarde, no Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor do Ministério Público vai discutir a questão. Devem participar o Sindicato dos Bancários e a Federação Brasileira de Bancos. O assunto já foi debatido em um encontro na última sexta-feira, com a participação do governo do estado e outras entidades.
“Essas explosões costumam ser articuladas por criminosos de outros estados, com apoio de pessoas da região alvo. A Delegacia de Repressão ao Roubo vai identificar os suspeitos mortos para saber de onde vieram”, confirmou o gestor do Departamento de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio, delegado Nelson Souto.
Nas cidades pequenas, os bandos agem fora do horário de funcionamento das agências, com armas de grosso calibre, o que tem provocado uma adaptação da polícia com relação ao seu armamento.
Na capital, os assaltos ocorrem no expediente, com armas mais leves. Ontem, às 11h30, criminosos invadiram o BB em Boa Viagem depois de quebrarem as portas de vidros com uma marreta. Seis homens participaram da ação. Além de dinheiro, levaram armas dos vigilantes e fugiram em motos.
diário de pernambuco
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